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VANDERLEI TENÓRIO

Fim da parceria dos irmãos Coen?

Será que uma das maiores parcerias criativas da história de Hollywood pode ter acabado?

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Há pouco, foi noticiado que o compositor de trilhas sonoras Carter Burwell – responsável pela trilha sonora da maioria dos filmes dos irmãos Joel e Ethan Coen, disse acreditar que os dois não voltarão a trabalhar juntos. O compositor expôs sua crença em entrevista ao podcast ‘Score’, noticia o site da revista britânica New Musical Express.

Em entrevista ao podcast Score, ele contou que Ethan disse não ter mais vontade de fazer filmes e pode se aposentar.

‘‘Ele simplesmente percebeu que não queria mais fazer isso. Ethan parece muito feliz com a sua vida, com o que está fazendo em seu tempo livre, e não sei o que Joel vai fazer a seguir’’, comentou Burwell. 

Durante o bate-papo com o apresentador do podcast Burwell revelou que, embora Ethan tenha aparentemente se aposentado, ele deixou vários projetos que o irmão poderia levar adiante.

‘‘Eu sei que Ethan e Joel tem muitos roteiros que escreveram juntos e estão engavetados. Espero que um dia eles possam realizá-los, porque li alguns e são ótimos. Nós estamos em uma idade em que não sabemos de mais nada… Talvez todos se aposentem em breve’’, brincou.

O Monet lembra que o compositor cogitou o término da parceria após ser perguntado sobre o trabalho solo de Joel na direção de seu recém lançado ‘‘The Tragedy of MacBeth’’ – primeiro filme solo de Joel, estrelado pelos ganhadores do Oscar Denzel Washington e Frances McDormand (ganhadora de 3 Oscar de Melhor Atriz e esposa de Joel) com lançamento previsto para o fim de 2021 e início de 2022. Neste momento, Burwell disse que não há nenhuma tensão entre os irmãos, mas que eles estão vivendo uma nova etapa da vida.

“O Ethan já escreveu e produziu sozinho, mas [MacBeth] é o primeiro filme que o Joel dirige por conta própria. O Ethan não queria mais fazer filmes, ele parece muito feliz fazendo o que quer que esteja fazendo e não sei o que o Joel vai fazer depois disso”, pontuou Burwell.

Em tese, ‘‘The Tragedy of Macbeth’’, adaptação soturna da célebre tragédia do inglês William Shakespeare (1564-1616), pode ser visto como a materialização do fim da parceria dos irmãos, iniciada em 1984 com o lançamento de ‘‘Gosto de Sangue’’ (1984), numa época em que o trabalho de Ethan não podia ser creditado, devido a exigências do sindicato dos diretores – situação superada apenas 20 anos depois, através do filme ‘‘Matadores de Velhinha’’ (2004).

Para quem não conhece a dupla mítica:

Juntos os Irmãos Coen dirigiram sucessos como: “O Grande Lebowski” (1998) – com um elenco sensacional que inclui: Jeff Bridges, John Goodman, Steve BuscemiJulianne MooreDavid Huddleston (1930-2016), Philip Seymour Hoffman (1967-2014), Peter StormareTara Reid e John Turturro, “Onde os Fracos Não Tem Vez”  (2007) – Ganhador de quatro prêmios Oscar em 2008, nas categorias de Melhor filme (Irmãos Coen e Scott Rudin), Melhor Diretor (Irmãos Coen), Melhor Roteiro Adaptado (Irmãos Coen) e Melhor Ator Coadjuvante (Javier Bardem), fazendo com que os irmãos Coen entrassem para o grupo de diretores homenageados três vezes pelo mesmo filme e “Bravura Indômita” (2010) – indicado a dez Oscars: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Ator (Jeff Bridges), Melhor Atriz Coadjuvante (Hailee Steinfeld), Melhor Direção de Arte (Jess Gonchor e Nancy Haigh), Melhor Fotografia (Roger Deakins), Melhor Figurino (Mary Zophres), Melhor Mixagem de Som (Skip Lievsay, Craig Berkey, Greg Orloff e Peter F. Kurland) e Melhor Edição de Som (Skip Lievsay e Craig Berkey).

Além dos também elogiados longas, ‘‘Fargo’’ (1996) – filme que rendeu a Frances McDormand seu primeiro Oscar de Melhor Atriz, e aos irmãos Coen o Oscar de Melhor Roteiro Original, ‘‘E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?’’  (2000) – indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original (Irmãos Coen) e Melhor Fotografia (Roger Deakins), ‘‘Queime Depois de Ler’’  (2008) – com um elenco estreladíssimo que inclui os ganhadores do Oscar, Frances McDormand, Tilda Swinton, George Clooney, Brad Pitt, J. K. Simmons, e os indicados ao Oscar John Malkovich e Richard Jenkins, e ‘‘Um Homem Sério’’ (2009) – brilhantemente estrelado pelo maravilhoso Michael Stuhlberg (lembrado pelo público jovem pelo professor Perlman, no filme de 2017, ‘‘Me Chame pelo seu Nome’’, de Luca Guadagnino), ‘‘Um Homem Sério’’ recebeu duas indicações ao Oscar na edição de 2010, respectivamente, Melhor Filme (Irmãos Coen) e Melhor Roteiro Original (Irmãos Coen).

O cinema dos irmãos Coen:

Segundo o crítico Diego Marques, do El Hombre, a atmosfera nos filmes dos Coen deriva muito da edição feita na maioria das vezes por Tricia Cooke, mulher de Ethan. Grandes momentos de humor também saem nessas sequências, que as vezes têm um tom épico e sério dentro de uma situação totalmente contraditória e comum/bizarra.

Marques avaliou que no quesito fotografia, a parceria com Roger Deakins tem provado ser muito frutífera. Independentemente do gênero, Deakins sempre sabe como filmar e encontrar planos interessantes, seja nos momentos mais poéticos como em Bravura Indômita’’ (2010), em thrillers como Queime Depois de Ler’’ (2008) ou no surrealismo das trips de ‘‘O Grande Lebowski’’ (1998). 

No âmbito da produção textual, Marques analisou que as tramas dos filmes dos Coen envolvem um personagem mundano (em muitos casos um perdedor) se enfiando em uma situação extraordinária – por engano ou por acaso – que vai acarretando mais e mais confusões até um momento em que se torna insuportável – seja em comédias como ‘‘O Grande Lebowski’’ (1998), ou thrillers como ‘‘Onde os Fracos Não Têm Vez’’ (2007)O crítico observou que as situações incomuns nunca perdem sua criatividade, por isso continua dando certo.

Na minha opinião, outro acerto da dupla é a escalação do elenco de seus filmes, os Coen sabem montar um bom elenco, podemos perceber isso em filmes como: “O Grande Lebowski” (1998), ‘‘E Aí, Meu Irmão, Cadê Você?’’ (2000), ‘‘Matadores de Velhinha’’ (2004), ‘‘Queime Depois de Ler’’ (2008) e ‘‘A Balada de Buster Scruggs’’ (2018).

Sobre prêmios:

Eles acumulam, juntos, 13 indicações ao Oscar, venceram 4 prêmios da Academia, o que inclui os prêmios de Melhor Roteiro por ‘‘Fargo’’ (1996) e Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Adaptado por ‘‘Onde Os Fracos Não Têm Vez’’ (2007). Também ostentam em seus prestigiosos currículos uma Palma de Ouro, prêmio máximo do Festival de Cannes, por ‘‘Barton Fink’’ (1991), possuem um prêmio de Melhor Diretor em Cannes por ‘‘O Homem que não Estava Lá’’ (2001) e o Grand Prix também na Croisette por ‘‘Inside Llewyn Davis: Balada de um Homem Comum’’ (2013). 

Fica a dica: Vale a pena assistir aos filmes dessa que uma das melhores parcerias do cinema estadunidense, sei que irão gostar.

* A partir de informações do Monet, da Revista New Musical Express e da análise crítica de Diego Marques, do site El Hombre.

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