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Chikungunya no Brasil: um desafio emergente

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CONTEXTO
Pela primeira vez na história, foi documentada a transmissão autóctone da febre do Chikungunya nas Américas no Caribe em 2013. A seguir, foi confirmada, no Oiapoque, a ocorrência no Brasil. Até outubro de 2014, foram registrados 828 casos no país, sendo somente 39 vindos do exterior. Curiosamente, parece ter havido duas introduções virais diferentes nas Américas, pois o genótipo viral que foi isolado no Oiapoque e no Caribe não é o mesmo que o estudado na Bahia.

HISTÓRIA
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O Chikungunya (CHIKV) é um RNA vírus da família Togaviridae do gênero Alphavirus, descrito pela primeira vez em 1950 na região que hoje corresponde à Tanzânia durante um surto atribuído inicialmente ao vírus Dengue. Após as primeiras descrições, dois padrões de transmissão distintos foram descritos: um silvestre e periurbano na África (Aedes ssp) e outro urbano na Ásia (A. aegypti). Além disso, três genótipos diferentes circulando em regiões do planeta (África Central, Sul e Leste – ECSA, África Ocidental – WA e Ásia) foram relatados. Até então, poucos casos clínicos graves e nenhum óbito haviam sido associados a infecções por este vírus.

A partir de 2005, pequenas mutações na proteína E1 do envelope viral na variante ECSA permitiram melhor adaptação viral a um novo vetor cosmopolita (Aedes albopictus). Isto contribuiu para uma grande expansão da doença para o Oceano Índico e, posteriormente,

Ásia e Europa. Ainda em 2005, o vírus chegou às Ilhas Reunião após um surto ocorrido no Quênia. Nesta epidemia que atingiu cerca de 40% da população, muitos casos graves foram documentados e confirmados laboratorialmente, com letalidade de estimada em1/1.000 casos.

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A Chikungunya se caracteriza por quadros de febre associados à dor articular intensa e debilitante, cefaleia e mialgia. Embora possua sintomas semelhantes ao da dengue, chama a atenção a poliartrite/artralgia simétrica (principalmente punhos, tornozelos e cotovelos), que, em geral, melhora após 10 dias, mas que pode durar meses após o quadro febril.

A proporção de casos crônicos variou em diferentes epidemias na França, África Sul e ilhas do oceano Índico, de 4 a 63%. O nome Chikungunya significa “aquele que se curva” na língua Makonde, falada em várias regiões da África Oriental, razão da posição antálgica que os pacientes adquiriam durante o período de doença Embora quadros severos não sejam comuns e não ocorram choque ou hemorragias importantes como na dengue, manifestações neurológicas (encefalite, meningoencefalite, mielite, síndrome Guillain Barré), cutâneas bolhosas e miocardite podem trazer gravidade aos casos; principalmente, em bebês e idosos.

CHIKUNGUNYA E A DENGUE
Ao se comparar com a dengue, a Chikungunya apresenta características que amplificam a disseminação da doença e aumentam a possibilidade de grandes e explosivas epidemias.

Entre estas características estão a maior proporção de casos sintomáticos (> 90%), menor tempo de incubação intrínseca (de 2 a 7 dias), maior período de viremia (2 antes e 10 depois da febre) e menor período de incubação extrínseca (no mosquito). A replicação viral no mosquito Aedes albopictus além do A. aegypti aumenta a extensão geográfica das regiões com potencial de circulação viral.

Existe, ainda, o risco de estabelecimento de um ciclo enzoótico da Chikungunya macacomosquito no Brasil impossibilitando a erradicação da doença no país.

DESAFIO
Um grande desafio se apresenta ao país. A inclusão da doença entre os diagnósticos clínicos diferenciais de síndrome dengue-like (doenças próximas à dengue) implica em intensa divulgação do agravo entre as equipes de saúde em todo o Brasil. A ocorrência de epidemias simultâneas dificulta o manejo clínico em razão de peculiaridades da dengue e da febre do Chikungunya.


A ausência de vacina e de medicação específica deixa para as equipes de controle de vetores, a tarefa de prevenir a transmissão. O Ministério da Saúde aponta também para a identificação precoce de casos em área indene, ampliação da retaguarda diagnóstica e o treinamento de equipes de saúde. Cabe à comunidade científica, junto aos serviços de saúde, acompanhar o quadro epidemiológico, identificar os padrões de transmissão no Brasil, o impacto da doença e, principalmente, contribuir com a proposição de medidas de enfrentamento deste grande desafio emergente.


FONTE: I Departamento de Saúde Pública/Faculdade de Medicina/Unicamp, Campinas (SP), Brazil. IIFaculdade São Leopoldo Mandic, Campinas (SP), Brazil. Autor correspondente: Maria Rita Donalisio. Campinas/UNICAMP
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