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A escola pode mandar no cabelo dos alunos?

por Andrea Ramal
Por Andrea Ramal
O estudante resolve pintar o cabelo de rosa ou lilás e, ao chegar ao colégio, tem que voltar para casa, pois a cor é “extravagante”. Esse procedimento é correto? 
Em princípio, a escola tem o direito de estabelecer as normas internas, que são explicitadas no regimento escolar – assinado pelos pais ou responsáveis no momento da matrícula. Por outro lado, será que as escolas que procedem desse modo estão educando para o mundo de hoje?
Muitas escolas, no passado, foram concebidas como se fossem uma “indústria”: todos seguindo os mesmos padrões, alinhados em fila, cumprindo horários rígidos, divididos pelo toque de um alarme (como numa fábrica), ensinados a obedecer, copiar, decorar – e não a refletir, interagir, criar. 
No mundo de hoje, em diversos países, a educação começa a se pensar de um modo diferente. Não que seja um “vale tudo”, no qual se pode fazer qualquer coisa, mas as crianças e jovens são incentivados a pensar sobre as formas de conviver: o que respeita e o que fere o espaço do outro, o que atinge ou não as liberdades e direitos individuais. 
Tudo isso é bastante subjetivo. Por exemplo, segundo alguns regimentos escolares, não é permitido usar saia fora do comprimento adequado. Mas quantos centímetros definem o que é adequado e em que momento há desrespeito, segundo que valores, conceitos e padrões? 
Só para colocar mais uma pitada de complexidade nessa discussão, onde tudo é bastante relativo e cultural, basta lembrar que este ano, na França, uma escola proibiu uma aluna de usar saia muito longa, pois entendeu como uma manifestação religiosa não autorizada. 
Outro exemplo: existem escolas que proíbem os meninos de usar brincos. Mas não proíbem as meninas. Então qual é o motivo da proibição: preconceito, discriminação? 
O corte e a cor do cabelo são expressões da liberdade individual e reflexos da nossa cultura, que muda o tempo todo. Corte estilo moicano ou cabelos coloridos são coisas que os artistas usam e os jovens adoram imitar. Se forem usados como forma de desrespeitar, provocar ou desafiar a escola, seriam motivo para se acompanhar o caso, pois isso pode revelar alguma instabilidade emocional (sobretudo se for uma atitude repetida continuamente). Se são formas do jovem imitar um ídolo, é motivo para reflexão: somos nós mesmos ou apenas imitamos os outros? Até onde vai nossa identidade? E se são formas de expressão pessoal, para se diferenciar dos demais, por que seria negativo? Hoje ninguém quer ser igual ao outro e essa é uma chance que a escola tem de trabalhar as diferenças. 
Em vez de simplesmente proibir um cabelo, um esmalte ou um acessório, as escolas antenadas com o presente preferem ensinar a acolher a diversidade. Ao fazer isso, elas ensinam a viver num mundo que é assim: plural, diverso, múltiplo, onde uns aprendem com os outros. 
Como ficam os pais nessa questão? Eles deveriam buscar uma escola que tivesse uma posição educacional com a qual se sentissem confortáveis. As escolas podem, sim, definir suas normas. Mas cabe aos pais, em primeiro lugar, ler com cuidado o regimento escolar e ver se concordam com o modelo de ensino. E, quando já são parte da comunidade educativa e não concordam com algo, expressar-se por meio do diálogo, para que o colégio reflita sobre as mudanças que nossos tempos exigem. Afinal, o regimento escolar não é um documento para a vida toda e precisa ser sempre atualizado.

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