DIVERSOS
Famílias no Sertão de PE convivem com a fome: ‘nem ovo tem’
Moradores de ocupações na periferia de Petrolina enfrentam a incerteza sobre quando e o que vão comer.
Alane Maria da Silva, o marido, irmão e os dois filhos moram em uma ocupação conhecida como Vila Santa Helena, na periferia de Petrolina, Sertão de Pernambuco. A casa de tábua tem um quarto, cozinha e um banheiro, que fica do lado de fora. Além da falta de infraestrutura do local, diariamente a família vive a incerteza de saber como irá se alimentar.
Na sexta-feira, 22 de julho, a família contou com a cesta básica entregue durante uma ação social na comunidade. De manhã, as duas crianças e os três adultos tomaram café preto e comeram cuscuz.
De tarde “almoçamos um arroz e macarrão”, diz Alane, que completa: “nem ovo tem”. A refeição da noite, segundo a dona de casa, é uma incógnita. “Às vezes tem, às vezes não”.
Na família de Alane, os três adultos estão desempregados. Ela recebe o Auxílio Brasil. As refeições, segundo a dona de casa, não são feitas no fogão. “Eu cozinho de lenha, porque o gás está caro e não tenho condições de comprar”.
Na Vila Santa Fé moram cerca de 50 famílias, com situações bem parecidas. Em uma das casas da comunidade, moram Adriana Alvarenga, o marido e quatro filhos. Movidos por uma oferta de emprego, com direito a casa, a família saiu de São Paulo em direção a Petrolina.
Chegando na nova cidade, descobriram que a promessa era falsa. Hoje, os seis moram em uma casa de madeira, com quarto e banheiro. O aluguel, de R$ 150, é pago com o dinheiro do auxílio que Adriana recebe. Assim como na casa da vizinha Alane, comer não tem sido tarefa fácil.
Por volta das 14h do dia 27 de julho, a família ainda não tinha almoçado. “Meu esposo foi tentar conseguir arroz”. Além do arroz, o marido de Adriana, que trabalha como pintor e pedreiro, também está em busca de emprego.
Caso consiga o arroz, a refeição, da mesma forma como na casa de Alane, será sem qualquer tipo de mistura. “Meus filhos não ligam para mistura, mas arroz e feijão comem muito bem”, diz Adriana.
A vida da família Alvarenga não tem sido fácil. Uma das crianças, de 11 anos, foi diagnosticada com problema psiquiátrico. “Agora não posso trabalhar”, conta a mãe, que fica em casa cuidando dela e das outras três crianças.
Mesmo sem ter qualquer parente em Petrolina, uma volta para São Paulo é descartada pela família. Na cidade pernambucana, Adriana diz que conseguiu encontrar o atendimento necessário para a filha.
G1 Petrolina
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