CURIOSIDADES
Você sabia que a expressão “Vítima Fatal” é um desvio linguístico?

Como assim?
Uma expressão que virou uma espécie de lugar-comum em nossa imprensa, tantas vezes aparece, é “vítimas fatais“. Se houve um acidente com gente morta, pode estar certo o leitor, os mortos serão sempre citados como “vítimas fatais“.
Nos textos de jornais e revistas, nas reportagens de televisão, se a expressão virou lugar-comum é porque seu uso está generalizado, os que morrem ainda carregam a infelicidade de se tornarem “vítimas fatais“, em toscos textos sobre acidentes de carros, trens, aviões ou incidentes de todo tipo.
A TV Globo, por exemplo, abriu um dos seus noticiários de 30.1.1998 falando das mortes de bebês no CTI neonatal numa maternidade do Rio. Informava a apresentadora que haviam morrido mais três crianças nas últimas horas, “subindo para 10 as vítimas fatais“. Ora, dizer ou escrever uma coisa dessas é brigar duramente com o idioma, é ignorar que o adjetivo “fatal” significa “que mata” –e não se pode dizer “subindo para 10 as vítimas que matam”, pois as vítimas não matam ninguém, as vítimas morrem.
Acidentes matam, doenças matam. Assim, como fora das redações todo mundo sabe, acidentes é que são fatais, doenças são fatais. “A queda foi-lhe fatal” significa que a queda o matou, portanto, a queda é que foi fatal, não ele, vítima da queda. Ele morreu.
Vítima fatal, portanto, não existe. E, se não existe, por que aparece quase todo dia em nosso noticiário? É aquela história de sempre, da leitura desatenta ou da total falta de leitura. Na imprensa, os veículos lêem-se uns aos outros, o que é louvável, quem trabalha no “Jornal do Brasil” tem de saber o que “O Globo” está dando, quem trabalha na “Folha de São Paulo” não pode deixar de saber o que o Estadão deu. Ruim é que a leitura de todo mundo – de quase todo mundo, se é preciso insistir sempre nas “raras e honrosas” – nas redações se esgote nesse pequeno mundo. A tal ponto que tolices como “vítimas fatais” não saem nunca de circulação no jargão das redações. Ficam como marcas expressivas de uma língua maltratada, para dizer o mínimo, uma língua fechada em seu mundo fechado.
“A Imprensa e o Caos na Ortografia- Com um Pequeno Dicionário de Batatadas da Imprensa”
Autor: Marcos de Castro
Editora: Record
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