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Vamos botar água no feijão
O ano de 2020 está sendo mesmo um período que vai marcar definitivamente a história, não só no Brasil, mas em todo o mundo. Entre nós, foi tempo reconhecer que temos mais de 100 milhões de pessoas vivendo na miséria. O que salvou muitas delas foram as medidas de aprovadas pelo Congresso Nacional, mesmo à contragosto das autoridades econômicas, para socorrer os pobres com um abono de R$ 600,00.
Mas, mesmo com a crise, os preços de alimentos não pararam de subir e se tornaram o vilão que inferniza as donas de casa. A discussão sobre o preço do arroz e do feijão me fez lembrar Chico Buarque na música “feijoada Completa”, onde diz: “Mulher você vai fritar / Um montão de torresmo pra acompanhar / Arroz branco, farofa e a malagueta A laranja-bahia ou da seleta / Joga o paio, carne seca, toucinho no caldeirão / E vamos botar água no feijão”.
Pois é, está ruim de fazer a feijoada ou o feijão com arroz de cada dia. Os preços dos ingredientes que mais gostamos estão nas nuvens. O arroz subiu 30%, o feijão outros 30%, enquanto a carne subiu mais de 25%. Na batida em que os preços estão, resta colocar água no feijão.
O Brasil é o terceiro maior produtor de feijão do mundo, é o 9° maior produtor de arroz. Nós somos o 3º maior exportador de arroz e feijão, ou seja, estamos entre os três países que mais vedem arroz e feijão no planeta. Somos também o 3º o maior produtor de proteína animal. Os números sobre a nossa capacidade de produção de alimentos deveriam envergonhar governantes ao dizerem que não têm como resolver a questão dos preços dos dois produtos básicos das mesas das pessoas.
E, pior ainda, são as declarações de autoridades da área econômica do governo de que após a redução do valor do auxílio emergencial para R$ 300,00 os preços deverão baixar, pois haverá menos demanda. A tradução disso é que as pessoas voltarão a comer menos. São declarações, em si, constrangedoras, pois é também evidenciar que pouco importa para eles se a população passar comer menos por não ter como comprar os itens básicos para o sustento diário, situação vergonhosa para um país fornecedor de alimentos para o mundo, enquanto grande parte de seu povo passa privação de alimentos.
Francisco Alexandre – Piúta
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